segunda-feira, 30 de agosto de 2021

A torre



Nunca assim lhe escrevi,
Dizendo o esquecimento de nossas aventuras,
Lhe fazendo visualizar tudo que já revi,
Voltaremos então a primeira lembrança,
Aquela em que acordei de súbito,
O ambiente mal iluminado, 
Jazia meu corpo em repouso por entre peles,
A fulgura longínqua de uma fogueira,
O medo do desconhecido que me tomava,
Terras longínquas das quais não voltaria,
Perdido em meio a minha dor e fé,
Um surto de pura insanidade,
Então na escura gruta penetra a figura,
Esguia, pálida, com seus cabelos negros,
Os olhos assustados ao ver-me desperto,
Seu pavor explicado por atitudes corriqueiras de meu povo,
Em suas mãos uma tigela de madeira,
Adornada por nós e tribais celtas,
Foi a primeira vez que me lembro de ti,
O calor de sua chama interior me consumiu por completo.

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