sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Paisagem do Interior

O céu escuro da metrópole cinza,
Será esse o mesmo céu,
Que vejo cinza de minha janela,
Esse grande céu que se confunde,
Com a selvagem cidade a minha volta,
De minha janela via a mata,
Sentia o perfume da terra molhada,
O cheiro da chuva e o ar gelado,
Esse último, vindo das araucárias,
Que cercam minha casa,
O ar em minha janela é puro e leve,
Já aqui, na grande cidade cinza,
A paisagem da manhã é tomada pelo sol,
Forte e impiedoso que acorda a todos,
Sem mesmo perguntar se desejam levantar,
E levantam-se como zumbis cambaleantes,
E a selva... A grande selva de pedra urbana,
Arranha céus, prédios comerciais,
A fumaça que quase se torna um ser social,
Como se tivesse vida ao escapar pelos escapes,
Os carros, ônibus, motos, helicópteros,
Que cruzam o céu e o chão caótico da manhã,
Essa gente que corre sem cessar e passa pela janela,
Aquela pequena janela do decimo segundo andar,
Do grande prédio salmão,
Será que sabem eles que de lá do alto,
Esta alguém a vigia-los e pensando,
O quão errôneo são suas insanas andanças,
Ou ao menos passa em suas mentes,
Que quanto mais correm menos tem,
Ou a ganancia já os cegaram a tempos,
São como as formigas de minha terra,
A correrem sem parar no sol escaldante,
Sinto falta de meu lar, e não vejo a hora de voltar,
Voltar pro mato, mesmo não sendo muito mato,
Mas é lá que me sinto bem,
No meio do mato ouvindo a chuva nas arvores,
E os passarinhos a me acordar de manhã,
Apenas vinte e um quilômetros de distância,
Mas me faz tanta falta seu ar de interior...