segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Cidade Luz


A cidade luz se rende,
A escuridão noturna,
O azul celeste da passagem,
Ao negro que toma a cidade,
Apenas os semáforos,
Iluminam as ruas calmas,
Aqui penso eu,
Que um dia tal sombra,
Invadiu-me a alma,
Nas praças gestão a geada,
Essa bendita noite alucinada,
Que por seu corpo perfumada,
Segue gélida e fria desvairada,
Como por um coche a andar,
Penetro a cidade despovoada,
Essa louca e cinza paulisteia,
Iluminada por neon,
Resplandece cintilante,
Em meio ao som das trombetas infernais,
Ouço o lamento dos ancestrais,
Já posso avistar o planalto principal,
Dessa cidade voraz e letal,
E as noites frias dessa estação,
Alegradas são por entre suas mãos.

Fumaça


Já acessas as brasas,
Do meu surrado e velho cachimbo,
Repousa em minha boca,
As brumas do tempo,
Em minha memória,
Que jaz atormenta,
Por esse passado teimoso,
Que surge como um turbilhão,
Queima livre o tabaco,
A meia luz de um candelabro,
Lembro-me do passado a muito esquecido,
A tal hora já havia adormecido,
Em seus pequenos braços desvanecido,
A fumaça que deixa meus lábios,
Lembra-me agora o vento do norte,
A neblina marítima daquela ilha,
Baía pelos deuses esquecida,
Como um dorso de baleia,
No horizonte se erguia,
O som das puxadas em meu cachimbo,
Tanto se assemelham as velas,
Infladas ao vento forte,
Cachimbo bendito que me fez lembrar,
Que a muito fui um lobo do mar,
E repousa em mim nesse instante,
A lembrança de minhas eras triunfantes,
E a voz do trovão rompe a escuridão,
Penetra em meus ouvidos como um clarão,
"Escreve filho meu, lapide-se e só assim tornar-se-á diamante..."