segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Fumaça


Já acessas as brasas,
Do meu surrado e velho cachimbo,
Repousa em minha boca,
As brumas do tempo,
Em minha memória,
Que jaz atormenta,
Por esse passado teimoso,
Que surge como um turbilhão,
Queima livre o tabaco,
A meia luz de um candelabro,
Lembro-me do passado a muito esquecido,
A tal hora já havia adormecido,
Em seus pequenos braços desvanecido,
A fumaça que deixa meus lábios,
Lembra-me agora o vento do norte,
A neblina marítima daquela ilha,
Baía pelos deuses esquecida,
Como um dorso de baleia,
No horizonte se erguia,
O som das puxadas em meu cachimbo,
Tanto se assemelham as velas,
Infladas ao vento forte,
Cachimbo bendito que me fez lembrar,
Que a muito fui um lobo do mar,
E repousa em mim nesse instante,
A lembrança de minhas eras triunfantes,
E a voz do trovão rompe a escuridão,
Penetra em meus ouvidos como um clarão,
"Escreve filho meu, lapide-se e só assim tornar-se-á diamante..." 

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